Idade Média - QUESTÕES 01
QUESTÃO 01-
[COLÉGIO 7 DE SETEMBRO - FORTALEZA / 2014]
TEXTO I
Francisco
não deve ter guardado uma lembrança de encantamento de suas relações com Roma e
Inocêncio III. De volta a Assis, Francisco e seus companheiros se instalaram no
campo, à margem da curva de um riacho, o Rio Torto. Ocuparam uma cabana abandonada.
Francisco lembrava aos companheiros que “se vai mais rapidamente ao céu de uma
cabana que de um palácio”. Consumiam seu tempo nos cuidados com os leprosos,
com o trabalho manual, a mendicância e a pregação, especialmente em Assis.
LE GOFF, Jacques. “São
Francisco de Assis”. São Paulo: Record. pp. 75 e 76
TEXTO II
O novo papa da Igreja Católica, o
argentino Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, escolheu o nome Francisco para ser
chamado durante seu pontificado. Essa é a primeira vez em que o nome é escolhido
por um papa. Segundo o Vaticano, Bergoglio quis fazer uma homenagem a São
Francisco de Assis, que amava os pobres [...] São Francisco de Assis traduz a
personalidade humilde e simples pela qual o argentino, que anda de ônibus e se
dedica aos mais pobres, é conhecido. Embora Bergoglio não tenha se formado pela
ordem franciscana, sua personalidade se assemelha à de São Francisco de Assis,
cujo nome está atrelado à humildade, à simplicidade e à reconstrução da Igreja.
Disponível em http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/nome-do-papa-revela-caracteristicas-de-seu-pontificado
“O
cristianismo como patrimônio cultural para o Ocidente pode ser identificado nos
textos ao ressaltarem a valorização” do(da)
A)
Cristianismo primitivo na busca da igualdade, da fraternidade e do
desapego aos bens materiais.
B)
doutrina da Igreja na busca da caridade pelos afortunados, para a
obtenção da salvação dos fiéis.
C)
trabalho manual, da mendicância e da pregação da doutrina como
privilégio dos pobres para alcançarem o céu.
D)
riqueza do Cristianismo romano e da Igreja moderna como princípios
básicos para a manutenção da doutrina.
E)
conservadorismo da Igreja ao aceitar o pagamento de cerimônias e o
casamento de homossexuais.
QUESTÃO 02- [ENEM CANCELADO / 2009]
A lei dos lombardos (Edictus
Rothari), povo que se instalou na Itália no século VII e era considerado
bárbaro pelos romanos, estabelecia uma série de reparações pecuniárias
(composições) para punir aqueles que matassem, ferissem ou aleijassem os homens
livres. A lei dizia: “para todas estas chagas e feridas estabelecemos uma
composição maior do que a de nossos antepassados, para que a vingança que é
inimizade seja relegada depois de aceita a dita composição e não seja mais
exigida nem permaneça o desgosto, mas dê-se a causa por terminada e mantenha-se
a amizade.”
ESPINOSA, F. “Antologia de
textos históricos medievais”. Lisboa: Sá da Costa, 1976 (adaptado).
A justificativa da lei evidencia que
A)
procurava-se acabar com o flagelo das guerras e dos mutilados
B)
pretendia-se reparar as injustiças causadas por seus
antepassados.
C) pretendia-se transformar velhas práticas que
perturbavam a coesão social.
D)
havia um desejo dos lombardos de se civilizarem, igualando-se aos
romanos.
E)
instituía-se uma organização social baseada na classificação de
justos e injustos.
QUESTÃO 03- [ENEM 2011]
Se a mania de fechar, verdadeiro habitus da mentalidade medieval nascido talvez de um profundo sentimento de insegurança, estava difundida no mundo rural, estava do mesmo modo no meio urbano, pois que uma das características da cidade era de ser limitada por portas e por uma muralha.
DUBY, G. et al. “Séculos XIV-XV”. In: ARIÈS, P.; DUBY, G. História da vida privada da
Europa Feudal à Renascença. São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado).
Europa Feudal à Renascença. São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado).
As práticas e os usos das muralhas sofreram importantes mudanças no final da Idade Média, quando elas assumiram a função de pontos de passagem ou pórticos. Este processo está diretamente relacionado com
- Ao crescimento das atividades comerciais e urbanas.
- Ba migração de camponeses e artesãos
- Ca expansão dos parques industriais e fabris.
- Do aumento do número de castelos e feudos.
- Ea contenção das epidemias e doenças.
QUESTÃO 04- [ENEM 2011]
A casa de Deus, que acreditam una, está, portanto, dividida em três: uns oram, outros combatem, outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não suportam ser separadas; os serviços prestados por uma são a condição das obras das outras duas; cada uma por sua vez encarrega-se de aliviar o conjunto… Assim a lei pode triunfar e o mundo gozar da paz.
ALDALBERON DE LAON, In: SPINOSA, F. Antologia de textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981.
A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon foi produzida durante a Idade Média. Um objetivo de tal ideologia e um processo que a ela se opôs estão indicados, respectivamente, em:
A) Justificar a dominação estamental / revoltas camponestas.
B) Subverter a hierarquia social / centralização monárquica.
C) Impedir a igualdade jurídica / revoluções burguesas.
D) Controlar a exploração econômica / unificação monetária.
E) Questionar a ordem divina / Reforma Católica.
QUESTÃO 05 (ENEM CULTURA POP – 2018)
A mulher deve ser governada. Essa
certeza encontra seu apoio nos textos da Sagrada Escritura e propõe a imagem
exemplar da relação homem-mulher. Essa relação deve ser hierárquica, tomando o
seu lugar na ordem hierárquica universal: o homem deve sujeitar as mulheres que
lhe são confiadas, mas amá-las também, e as mulheres devem ao homem que tem
poder sobre elas a reverência. Essa troca de dilectio e de reverentia institui
ordem no interior do grupo doméstico e, de início, no que forma o núcleo desse
grupo, o casal. Mas, da relação entre o esposo e a esposa, os moralistas da
igreja julgam naturalmente que esse outro sentimento, diferente da dilectio,
que eles chamam em latim de amor, deve ser excluído, porque o amor sensual, o
desejo, o impulso do corpo, é a perturbação, a desordem; normalmente, ele deve
ser rejeitado do quadro matrimonial, localizado no espaço do jogo, da
gratuidade, o lugar que lhe é concedido por este divertimento da sociedade que
chamamos de amor cortês. O casamento é coisa séria; ele exige austeridade; a
paixão não deve misturar-se aos assuntos conjugais.
(DUBY, Georges. Idade Média, idade
dos homens: do amor e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p.
93.)
No trecho acima, o historiador
Georges Duby traça o perfil da relação homem-mulher na Idade Média. Nesse
perfil, podemos perceber
A) a defesa da igualdade entre
homens e mulheres, já sentida nesse período, cerca de mil anos antes do
movimento feminista do século XX.
B) a existência da mulher como
cortesã, realizando o papel da esposa fiel que presta reverência a seu marido e
mantém a ordem do grupo doméstico.
C) a defesa do amor sensual para a
manutenção do núcleo familiar, dando a seriedade necessária aos assuntos
conjugais.
D) o casamento como uma
instituição necessária para estabelecer uma ordem universal, na qual os homens
se sujeitam às mulheres.
E) a importante presença da Igreja como definidora do papel de submissão
que a mulher deveria exercer dentro do âmbito familiar na sociedade medieval.
QUESTÃO 06
(PUC 2010)
“A Idade Média não é o período
dourado que certos românticos quiseram imaginar, mas também não é, apesar
das fraquezas e aspectos dos quais não gostamos, uma época obscurantista e
triste, imagem que os humanistas e os iluministas quiseram propagar.”
Jacques Le Goff. A Idade Média
explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2007, p. 18
A ambígua imagem da Idade Média
que hoje temos deriva, em parte, de representações
A) negativas do período, que destacam a opressão a que os camponeses
eram submetidos, a intolerância da Igreja e as repetidas temporadas de
fome.
B) positivas do período, que
destacam o papel relevante que as mulheres tinham na vida social, o avanço
tecnológico e o desenvolvimento nas artes visuais.
C) negativas do período, que
destacam a atuação do Tribunal da Inquisição, a ausência de mobilizações
sociais e o direito divino que justificava o absolutismo.
D) positivas do período, que
destacam o resgate de valores religiosos oriundos da Antiguidade Clássica, a
arquitetura românica e gótica e as festas populares.
E) negativas do período, que
destacam a ausência de liberdades políticas, a persistência do politeísmo e
de práticas de bruxaria em toda a Europa Ocidental.
QUESTÃO 07
(Fac. Direito de
Sorocaba SP/2015)
Marc Bloch identifica este
momento – a unificação dos francos – como sendo fundamental para o
estabelecimento da sociedade feudal: agora temos a conjugação da grande
propriedade, com uma elite militar e o trabalho compulsório por parte dos
camponeses.
(Francisco Teixeira da
Silva, Sociedade feudal)
Essa sociedade fundamentava-se
A) no aumento da autoridade dos reis, que recebiam ajuda na guerra e
pagamentos em produtos e trabalho gratuito dos camponeses.
B) na concessão do benefício,
como a terra, em troca do auxílio militar, e na exploração dos servos, que
deviam a corveia para os senhores.
C) nas relações pessoais entre os nobres e camponeses, caracterizadas
pela igualdade de direitos e pela reciprocidade de deveres.
D) na transmissão hereditária da terra aos primogênitos da
aristocracia guerreira e no trabalho escravo, base da economia no senhorio.
E) na homogeneização da condição de súditos do monarca, cujo poder
político foi reforçado com a doação de terras aos vassalos.
QUESTÃO 08 (FUVEST SP/2016)
Assim como o camponês, o mercador está a princípio submetido, na sua
atividade profissional, ao tempo meteorológico, ao ciclo das estações, à
imprevisibilidade das intempéries e dos cataclismos naturais. Como, durante
muito tempo, não houve nesse domínio senão necessidade de submissão à ordem da
natureza e de Deus, o mercador só teve como meio de ação as preces e as
práticas supersticiosas. Mas, quando se organiza uma rede comercial, o tempo se
torna objeto de medida. A duração de uma viagem por mar ou por terra, ou de um
lugar para outro, o problema dos preços que, no curso de uma mesma operação
comercial, mais ainda quando o circuito se complica, sobem ou descem _ tudo isso se impõe cada vez mais à sua
atenção. Mudança também importante: o mercador descobre o preço do tempo no
mesmo momento em que ele explora o espaço, pois para ele a duração essencial é
aquela de um trajeto.
[Jacques Le Goff. Para uma
outra Idade Média. Petrópolis: Vozes, 2013. Adaptado.]
O texto associa a mudança da percepção do
tempo pelos mercadores medievais ao
A) respeito estrito aos princípios do livre_comércio, que
determinavam a obediência às regras internacionais de circulação de mercadorias.
B) crescimento das relações mercantis, que passaram a envolver
territórios mais amplos e distâncias mais longas.
C) aumento da navegação oceânica, que permitiu o estabelecimento de
relações comerciais regulares com a América.
D) avanço das superstições na Europa ocidental, que se difundiram a
partir de contatos com povos do leste desse continente e da Ásia.
E) aparecimento dos relógios, que foram inventados para calcular a
duração das viagens ultramarinas.
QUESTÃO 09
UNESP / 2014
Apesar de não ter sido tão
complexo quanto os governos modernos, o Império [Romano] também precisava pagar
custos muito altos. Além de seus funcionários, da manutenção das estradas e da
realização de obras, precisava manter um grande exército distribuído por toda a
sua extensão. A cobrança de impostos é que permitia ao governo continuar
funcionando e pagando seus gastos.
MACHADO, Carlos Augusto Ribeiro.
Roma e seu império. São Paulo: Saraiva, 2000.
Os gastos militares
intensificaram-se a partir dos séculos III e IV d.C., devido
A) ao esforço romano de
expandir suas fronteiras para o centro da África.
B) às perseguições
contra os cristãos que, bem-sucedidas, permitiram o pleno retorno ao
politeísmo.
C) à necessidade de
defesa diante de ataques simultâneos de bárbaros em várias partes da fronteira.
D) aos anseios
expansionistas, que levaram os romanos a buscar o controle armado e comercial
do mar Mediterrâneo.
E) à guerra contra
Cartago pelo controle de terras no norte da África e na Península Ibérica.
QUESTÃO 10
(UFG GO/2010)
Leia
o texto a seguir.
Origens
do regime feudal, diz-se. Onde buscá-las? Alguns responderam em “Roma”. Outros
“na Germânia”. As razões dessas miragens são evidentes […]. Das duas partes,
sobretudo, eram empregadas palavras – tais como “benefício” (beneficium)
para os latinos, “feudo” para os germanos – das quais essas gerações
persistiram em se servir, ainda que lhes conferindo, sem se dar conta, um
conteúdo quase inteiramente novo. Pois, para o grande desespero dos
historiadores, os homens não têm o hábito, a cada vez que mudam o costume, de
mudar de vocabulário.
BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício do historiador.
Rio de Janeiro: Zahar. p. 58. (Adaptado).
Rio de Janeiro: Zahar. p. 58. (Adaptado).
Neste
fragmento, Marc Bloch discute de que forma os historiadores lidam com a questão
das origens, indicando que a
A) origem dos fenômenos históricos deve ser
buscada no encadeamento dos acontecimentos, o que confere à História um sentido
de continuidade.
B) origem é o ponto de partida da mudança que
demarca a ruptura com as formas históricas precedentes.
C) ideia de origem desconsidera a cronologia,
ferramenta metodológica que concede sentido à explicação histórica.
D) busca
da origem dos fenômenos históricos encobre a relação entre as forças de
conservação e de mudança que compõem a vida social.
E) origem dos fenômenos históricos pode ser
encontrada na permanência dos costumes e do uso do vocabulário.
QUESTÃO 11
(FUVEST SP/2015)
A cidade é [desde
o ano 1000] o principal lugar das trocas econômicas que recorrem sempre mais
a um meio de troca essencial: a moeda. [...] Centro econômico, a cidade
é também um centro de poder. Ao lado do e, às vezes, contra o poder tradicional
do bispo e do senhor, frequentemente confundidos numa única pessoa, um grupo de
homens novos, os cidadãos ou burgueses, conquista “liberdades”, privilégios
cada vez mais amplos.
Jacques Le Goff. São Francisco de Assis. Rio de Janeiro: Record, 2010. Adaptado.
O texto trata de um período em que
A) os fundamentos do sistema feudal
coexistiam com novas formas de organização política e econômica, que produziam
alterações na hierarquia social e nas relações de poder.
B) o excesso
de metais nobres na Europa provocava abundância de moedas, que circulavam
apenas pelas mãos dos grandes banqueiros e dos comerciantes internacionais.
C) o anseio
popular por liberdade e igualdade social mobilizava e unificava os
trabalhadores urbanos e rurais e envolvia ativa participação de membros do
baixo clero.
D) a Igreja
romana, que se opunha ao acúmulo de bens materiais, enfrentava forte oposição
da burguesia ascendente e dos grandes proprietários de terras.
E) as
principais características do feudalismo, sobretudo a valorização da terra,
haviam sido completamente superadas e substituídas pela busca incessante do
lucro e pela valorização do livre comércio.
QUESTÃO 12
(UniCESUMAR SP/2015)
"Tão ciosamente guardadas quanto as outras,
essas fortalezas que são as cidades se distinguem pelo fato de estarem abertas
para o tráfico. Vivem dele. Guerreiros e padres residem ali, mas são os homens
de negócios que lhes garantem a prosperidade e por vezes governam sozinhos.
Para suas portas convergem todos os itinerários, estradas de terra e vias
fluviais. Mas os instrumentos da circulação servem para a defesa: a ponte é
também uma muralha."
Georges Duby. A Europa na Idade Média. São
Paulo: Martins Fontes, 1988, p. 60.
O texto trata das cidades europeias nos séculos XII
e XIII e mostra
A) o
planejamento de sua construção, com a separação funcional dos espaços de
comércio e circulação.
B) a ambiguidade de seu funcionamento como local
de refúgio e proteção e centro de atividades comerciais.
C) a
importância da religião no cotidiano dos burgueses e aristocratas que
controlavam o poder político.
D) o caos na
circulação urbana, que envolvia negociantes, produtores rurais e militares.
E) a
descentralização de seu comando político, dividido entre a Igreja e os grandes
senhores de terras.
QUESTÃO 13
(UFG GO/2012)
Leia
o poema a seguir.
A
morte para todos faz capa escura,
E
faz da terra uma toalha;
Sem
distinção, ela nos serve,
Põe
os segredos a descoberto,
A
morte libera o escravo,
A
morte submete rei e papa
E
paga a cada um seu salário,
E
devolve ao pobre o que ele perde
E
toma do rico o que ele abocanha.
FROIDMONT, Hélinand. Os versos da morte. São
Paulo: Ateliê/Imaginário, 1996. p. 50. [Adaptado].
Este
poema do século XII refere-se ao impacto das mudanças ocorridas no Ocidente
Medieval, relacionadas à expansão urbana e comercial. Tendo em vista esse
ambiente, ao transformar a morte em personagem, o poema caracteriza-a com uma
atitude
A) moralizadora,
que expressa a necessidade de correção dos costumes na vida terrena.
B) racionalista, que manifesta a retomada do
pensamento aristotélico.
C) idealista, que constrói uma imagem sublime do
homem como criatura de Deus.
D) heroica, que denota o desejo de incentivar a
coragem nos homens.
E) indulgente, que promove a convivência
tolerante entre cristãos e pagãos.
GABARITO
01 A
02 C
03 A
04 A
05 E
06 A
07 B
08 B
09 C
10 D
11 A
12 B
13 A
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